sexta-feira, abril 17, 2009

Confidências em papéis avulsos

Peca a folha de papel pela sua terminência
Pois num acesso de incompetência
Não foi suficiente para a minha confidência.

Fui eu quem falou demais?
Fui eu quem sentiu demais?
Fui eu quem escreveu demais?

Peca a folha de papel pela sua terminência
Mas não pela sua quantidade
Confidencio aqui só pela metade
E noutra folha, me entrego outra parte.

É folha de papel que pensa
É folha de papel que canta
É folha de papel que pulsa
Aqui ou alí, uma confidência avulsa.

quinta-feira, abril 16, 2009

Valsa

Peguei na tua mão pra dançar aquele samba, você com as pernas bambas desatou a relutar. Insisti, puxei teu braço, tava ali no teu encalço e depois só num enlaço foi que eu pude te domar. Era tudo corpo a corpo, era tudo cara a cara. Suor, gemer e amasso, com um quê de liberar.
E quando enfim foi liberado, quando enfim fui permitido, peguei-me despercebido, sendo por ti conduzido.

terça-feira, abril 14, 2009

everyheartbeat

And so the heart is beating again. Faster and Stronger. As it used to do but now in a different way.
I like to be this way,
I love to be this way.

we are gonna be together. you will see.

segunda-feira, abril 06, 2009

instructions

Para ser, não sê inteiro. Sê pouco, em partes, ignora a intensidade. Mas sê um pouco do todo em tudo, primore sempre a divisibilidade. Nesses poucos não se dê muito, pelo contrário, dê vez à timidez, a mesquinharia, e mostre que tudo o que você tem está dividido por aí. Ou melhor, não mostre. Mostrar é muito precário. Deixe que descubram. Mostrando-se e dando-se pouco, talvez quem de ti roubar algo, depois venha a descobrir que aquilo não era verdadeiramente teu, ou ainda, que o que foi roubado não te fará falta.

quinta-feira, abril 02, 2009

PF

Sim. Foi para fumar que acendi aquele último cigarro. Assim como foi para beber que coloquei nesse copo a última gota. Agora... só espero que você não espere que eu deposite em mim a última centelha de esperança de ter uma boa digestão, após essa última garfada de comida fria e descolorida, das falsas promessas de companhia eterna que um dia você me fez.

quarta-feira, abril 01, 2009

Desapercebido

Era tudo, na verdade, uma questão de tempo. Até que você e eu pudessemos nos acostumar a essa nova vida. Uma vida meio mal vivida, é fato, onde cada um vai pro seu lado logo depois de acordarmos.
Café, almoço ou janta: só sei o que significam sem vc. E mesmo embora a gente se ligando vez ou outra durante o dia, pra tentar ficar junto, muito me frustra a idéia de só poder te ver pela manhã, naquele ônibus lotado que nos leva ao trabalho.
Isso pra não falar das vezes em que quase me esfolo quando ligo no teu trabalho e quem me atende é outra.
Tudo bem se pra você eu pareço estar sendo precipitado. Afinal de contas já se passaram cinco meses e vinte e seis dias. Mas te prometo que da proxima vez que te ligar, ou te encontrar no ônibus, eu vou falar com você, me apresentar, puxar papo, e talvez, quem sabe, a gente pode começar uma amizade.