quarta-feira, janeiro 23, 2008

Estaticamente Estátua. Móvel e viva.

De repente parei. Estava absorto. Era noite e eu não conseguia enxergar quase mais ninguém na rua. Foi quando então, ouvi um barulho e a pulso ou por impulso me senti arremessado contra a mais próxima parede molhada e fria.

Perdi a noção de tudo.

Meu corpo tremia, mas eu não conseguia sentir nenhum dos meus membros - eu estava vivenciando tudo aquilo e nada podia fazer. Pensei em gritar, em transformar aquela rua em um grande mar de ecos e rezar para que alguém ouvisse qualquer uma das ondas que carregava minha voz. Mas foi aí que percebi o repentino bloqueio da minha respiração - e eu mal havia começado a insuflar os pulmões.

Não demorou muito para que meu estômago também protestasse aquele acontecimento e eu o senti embolar: era como se alguém estivesse virando uma página de um pesado livro dentro de mim, e junto com a página vinha uma quente corrente de ar, que trazia consigo um insuportável sabor de ácido e resto de comida.

Eu suava, pingava, meus olhos imóveis para fugir da cena tentavam encontrar um ponto fixo inexistente e eu estava totalmente incapaz.

Não sei quanto tempo tudo aquilo demorou, mas pelo grau de insuportabilidade eu poderia contar mais de mil voltas de um relógio.

Voltei a mim.

Senti o corpo pesado, a pele molhada e os olhos encharcados que deslizavam de um lado para outro...

Vomitei.

E depois de liberar uma grande quantidade de ácido e resto de comida, limpei a boca com as mãos. Mãos, que em seguida calaram-me o choro, a dor e o desespero.

Eu o vi ir embora.

Eu o vi ir embora.

E só então consegui me mover e me separar da única coisa que se manteve firme durante todo o tempo: a parede dura, molhada e fria atrás de mim.

3 comentários:

Iv0 disse...

Eu queria declamar o que esse homem escreve...

Ele é o melhor...!!!


siga meu caro...quero 'le-lo'!!

...

Daniele B. disse...

Esse texto...
O texto.
Parabéns moço, gostei muito :D~
A emoção que passa até se chegar o alívio é sublime.

Sofia O. disse...

Por quê não se explica!
Tua letra também me comove.

Abraço
Sophia.